Emagrecimento e fertilidade

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A infertilidade pode ocorrer por diversas causas como: endometriose, trombofilia, dificuldade de ovulação, baixa contagem ou ineficiência dos espermatozoides, síndrome dos ovários policísticos e miomas. 

Além disso, déficits e desregulações hormonais e também de vitaminas e minerais podem ser um fator que predispõe à infertilidade. 

A vitamina D, por exemplo, quando em valores entre 40 e 50, tem mostrado prevenir problemas gestacionais como parto prematuro, pré eclampsia, diabetes gestacional e abortamento. 

Os hábitos de vida também podem interferir na fertilidade: obesidade, sedentarismo, tabagismo. 

A obesidade é uma doença que tem como base a resistência à insulina. 

Células lotadas de gordura e glicose – que são fontes de energia para o corpo e que estão presentes em grandes quantidades na rotina de quem baseia sua alimentação em produtos refinados e ultraprocessados como massas e açúcar – ficam resistentes à sinalização da insulina, que é um hormônio que promove o estoque de gordura e glicose nas células. 

Com a insulina constantemente alta, o corpo fica em um estado de inflamação que leva a problemas como hipertensão, triglicérides elevado, diabetes, esteatose hepática, síndrome dos ovários policísticos (SOP), baixo HDL (chamado bom colesterol) e alto LDL (partícula de colesterol com maior potencial oxidativo e que é um marcador de risco cardiovascular) e também descontroles hormonais como disfunções na tireoide e também dos hormônios sexuais. 

Essa desregulação hormonal causada pela resistência à insulina e inflamação pode levar a ciclos menstruais irregulares e até à infertilidade. 

Vale lembrar que os hormônios sexuais como testosterona, progesterona e estrogênio, por exemplo, têm na sua composição gordura (principalmente colesterol) e nestas pessoas o metabolismo da gordura está desregulado, o que pode ser uma das causas da infertilidade. 

Não há dúvidas de que a síndrome metabólica (ter pelo menos 3 desses fatores: obesidade, diabetes, hipertensão, esteatose hepática, HDL baixo, hipertrigliceridemia) é fator de risco para infertilidade, tanto em homens quanto em mulheres. 

Um estudo desenvolvido em Harvard mostrou que homens obesos tem maior probabilidade de produzir menos espermatozoides, o que também afeta a fertilidade e chance de engravidar do casal.

O que se vê nos estudos e na prática é que o emagrecimento, por diminuir a inflamação e resistência à insulina, promove maior regulação hormonal e do metabolismo como um todo, neutralizando uma das causas de infertilidade. 

Um ensaio clínico randomizado – tipo de estudo que pode inferir causa-efeito e portanto é um alto nível de evidência – feito com mulheres com ovários policísticos demonstrou que a alimentação baixa em farinha refinada e açúcar reduziu insulina e testosterona, retomando a função ovariana, além de reduzir sintomas como crescimento anormal de pêlos e acne (Gower, 2013). 

No programa, temos vários casos de mulheres que não conseguiam engravidar e ao emagreceram conseguiram de forma natural. 

Também se vê na prática clínica que um corpo saudável, com menores agressores como inflamações e alta carga de calorias vazias como açúcar e ultraprocessados, apresenta mais resultados positivos até na FIV (fertilização in vitro). Inclusive aumentando a chance da gravidez evoluir até a concepção do bebê. 

Roubando o exemplo do médico ginecologista e obstetra Domingos Mantelli: se o aquário estiver todo sujo, se não estiver preparado para receber um peixinho, tem muito mais chance do peixe não sobreviver. 

Não podemos deixar de ressaltar que uma gestante com bons hábitos diminui riscos como: desenvolver diabetes, hipertensão, pré eclampsia, necessidade de cesárea, parto prematuro e complicações maiores. Além disso, há maior chance do bebê ser obeso também.

Enfim, a mudança dos hábitos e o emagrecimento podem promover não só o aumento da fertilidade como uma boa gestação, desenvolvimento e saúde para a mãe e o bebê. 

Mudar seus hábitos e emagrecer pode te fazer realizar também este sonho!

Gabriela Reis

Gabriela Reis

Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Alfenas, Gabriela é pós-graduada em Obesidade e Emagrecimento pela Estácio de Sá, possui curso em Saúde Baseada em Evidências e Nutrição Esportiva e é NutriCoach Afine-se.
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